Eu sempre tive alguns nódulos na mama esquerda que eram benignos e sempre
retirava a medida que iam aparecendo. Na época minha filha estava casando e me
envolvi de corpo e alma no casamento dela.
Tomando banho um dia percebi uma mama direita um pouco endurecida, mas
confesso, e é ai que a maioria de nós sempre peca. Não dei muita importância e
coloquei na cabeça que na próxima ida ao mastologista isso seria resolvido, pois fazia revisão de 6 em 6 meses devidos aos nódulos anteriores. Sempre fiquei em alerta (Vânia aqui nos mostra a importância que devemos dar a qualquer sinal estranho que a gente sinta no auto-exame).
Só que esse nódulo era cancerígeno e apareceu com tudo, já
“nasceu” grande, então sou enfermeira por formação eu já sabia o que estava
acontecendo.
Essa retirada de nódulo foi diferente, eu acordei me sentindo
diferente.
Alguma coisa em mim havia mudado, no fundo, no fundo eu já sabia
que era um câncer eu só não queira acreditar que era e muito menos que era eu.
A minha mama foi retirada uma boa parte até a retirada total do tumor.
Foi ai que começou...
Eu sabia que seria uma paciente da oncologia.
Eu sabia que iria fazer quimioterapia.
Eu sabia que meu cabelo iria cair.
Que iria fazer radioterapia.
Que iria reconstruir a minha vida.
Mas até passar por cada uma dessas etapas grande parte de mim se
desesperava.
Em momento algum em me revoltei com a doença. Fiquei muito
triste, muito triste mesmo a ponto de perguntar diuturnamente a Deus, porque
eu, porque eu?
Sendo paciente da oncologia eu vive de perto com a
desertificação de alguns parentes, de alguns amigos e principalmente de mim
mesma.
Mas tinha e precisava ser forte pelos meus filhos, alguns amigos e familiares. A minha filha
parecia uma mãe, cuidava sempre de mim quando podia, porque mora em outra
cidade, não muito longe, aqui mesmo na Bahia.
Mas doloroso do que à distância das pessoas em meu clico de
vida. Foi o pré-conceito as pessoas não se informam e não procuram se informar
tinha gente que não me abraçava, não me beijava, não apertava a minha mão
achando que o câncer era contagioso. E isso era muito, muito doloroso.
A quimioterapia é dolorosa e foi um processo muito difícil para
mim e meus familiares mais próximos. Lembro que tive que sair de um dos meus
empregos, e fica só com um, esse eu trabalhava em casa porque nessa época eu me sentia muito cansada. Os efeitos colaterais
de uma quimioterapia só sabem que fez ou faz. O mundo parece que está chegando
ao final e a sensação que sempre me acompanhava era de estar com uma espada
mirada bem no centro da minha cabeça. Pois a qualquer momento ela poderia
pender e arrebentar com o pouco que restava de mim.
Desistir!
Foi quando pensei em desistir do tratamento. Mas quando olhava
meus filhos, meus familiares eu sentia que deveria continuar, que deveria
querer viver ainda que fosse por eles.
Lembro que estava auditando umas contas em casa (nessa época eu
trabalhava em casa) passando a mão pelo cabelo apareceu junto aos meus dedos
uma penca enorme de cabelo. E fui passando as mãos à medida que passava mais
cachos caiam pela mesa. É um desespero que não dá para explicar. Meu marido na
época chamou um barbeiro lá em casa e quando ele me perguntou, como a senhora
quer que eu corte:
Respondi.
- Moço não para cortar é para raspar.
- Moço não para cortar é para raspar.
E fiquei sem um pelo em minha cabeça.
P A U S A
Foi a pousa mais longa que a vida me deu para que eu me
encontrasse comigo mesma, para que eu me desse a mão e me resgatasse daquele
porão que eu mesma estava me fadando a querer ficar.
Meu filho também raspou a cabeça e me disse:
- Mainha, enquanto você estiver careca eu também vou ficar
Chorei de emoção ao ver a atitude de solidariedade dele.
Meu filho também raspou a cabeça e me disse:
- Mainha, enquanto você estiver careca eu também vou ficar
Chorei de emoção ao ver a atitude de solidariedade dele.
Comprei vários modelos lenços, passei a me maquiar mais (graças
a ajuda da minha irmã siamesa kk) mas meu sorriso não conseguia sorrir a
alegria que meu olhar não expressava.
Aprendi a viver um dia de cada vez com a quimioterapia. Vomitei
muito, muito.
E continua...
Meu nome é Vania Ribeiro Ventin tenho 58 anos de idade, tinha 50
anos quando descobri o câncer de mama, sou enfermeira auditoria. Junto com a
Debby e esse espaço maravilhoso de interação e comunicação terei imenso prazer
em relatar um pouco da minha experiência e mais ainda em ajudar, em informar
sobre a prevenção do câncer de mama e dizer que com informação, prevenção e fé
ele pode ter cura sim. Basta que a gente queira.
Veja a SINOPSE da minha jornada AQUI
Links interessantes
Aqui no link do INCA (Instituto Nacional do Câncer) perguntas e
respostas sobre o câncer : http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=83
Conheça o trabalho do fotografo americano David Jay fotografou
várias mulheres mastectomizadas entre 18-35 anos. The Scar Project – Breast
Cancer is Not A Pink Ribbon, nome dado ao projeto, priorizou esta faixa
etária para chamar atenção aos recentes casos descobertos de câncer de mama em
mulheres mais jovens, além de divulgar, levantar fundos para a pesquisa do
câncer de mama e ajudar as pacientes a se verem por “um outro ângulo”. Cliquei
AQUI.
Estamos
na primeira fase da caminhada da minha amiga Vânia Ventin. Com ela eu aprendi
que a verdade e a realidade sobre o câncer de mama está muita além de um laço
cor de rosa.Bjs e até o próximo post
Debby :)