segunda-feira, 16 de abril de 2012

O desencanto


Já comentei aqui uma vez que quando a gente ama e devemos amar sempre, diariamente, constantemente que nosso pecado maior são as nossas projeções, são as nossas expectativas... com relação ao outro e do outro.
E ai eu errei.
Quando dele muito esperei.
Quando dele muito lembrei e de mim esqueci por completo quase que por inteiro.
E quando isso acontece um dos primeiros erros que cometemos é deixar toda uma vida social de lado para se dedicar ao seu amor.
E esse é um dos maiores erros que cometemos, quando deveriamos fazer justamente o contrário inserir o nosso amor em nosso mundo, em nosso meio mais que social, mas aquele leal.
E foi assim  que fiz os conselho amigos por um ouvido entravam e pelo outro deslizavam mas eu estava feliz... ou pelo menos me achava feliz naquele momento.
mas sempre com uma sensação estranha, esquesita
Que depois entendi ser a minha intuição, a minha própria natureza me arguindo diuturnamente.
Amor não é isso..
É muito mais que isso...
É contrução não só do material mas dos dois em um só... mas é preciso estar inteiro, completo, dono de si para poder se dar ao outro.

 Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração. 
Manuel Bandeira - Desencanto
Porque como se dar ao outro o que mal se tem?
E eu tinha muito pouco de mim sobre meu poder.

Mas me dei como todo ser romântico apaixonado e louco, porque quem diz que não comete loucuras quando se está apaixonado, que me desculpe. Mas não viveu nadica de uma boa, vã e louca paixão...
A paixão não tem freio... ela age na adrenalina do momento, no impulso.
E ai vamos ??? Vamossss!!!
Mas esses momentos são bons na febre latente da juventude que nos amadurece gradativamente e que um amor vai ficando maior e mais maduro que o outro também gradativamente.
É quando a gente aprende que não deve se arrepender ou lamentar nada que foi feito, dito escrito... vivido em nome dele... do amor!
Mas o desencanto vem sempre depois..
Mas talvez venha antes quando se tem a noção exata de quem se é.. do que e como se quer.

Mas quando o amor que começa em forma de paixão arrebata o coração.. ele vem na tora, sem aviso prévio...
É quando as borboletas invadem aos montes o seu estomago. Mas não aparecem sozinhas o medo do desconhecido (no meu caso, completamente desconhecido) vem na bagagem, no cantinho, bem escondido.
É quando o sorriso desaparece diante do desapontamento, justamente porque se criou umas , várias e boas expectativas no começo.
Ahh o começo!
.....

Foi poético, maravilhoso ainda que o romantismo usasse de toda sua força para fazer com que uma mentira se transformasse em verdade.
Ainda que o sorriso se esforçasse e fosse além do limite buscando naquele olhar, naquele semblante algo parecido com o que  se imaginou, se esperou, se sonhou e não se concretizou.
Foi quando a cegueira me fez ficar de joelhos de frente para o que restava de mim e entender que, mesmo doendo muitas vezes e em sua maioria é melhor encarar de frente as adversidades, os problemas, as dores e dizer não sem magoar qualquer que seja o coração.
A ter que levar adiante um sonho, uma ilusão.


Chorei não pelo que vivi mas por tudo que sabia que não iria mais viver, mais sorrir ou com o outro compartilhar..
E depois do choro o vazio... e me perguntei porque mesmo estava chorando?
Quando via que depois de um dia sempre vinha outro, que a lua volta a ser cheia linda, maravilhosamente bela para os amantes...
Que quem foi amante no sentido pleno e verdadeiro da palavra será assim sempre...
Percebi que chorei pela dor da desesperança justamente por ter enfiado nas costas do outro a responsabilidade pela minha felicidade, pelo meu amor.. e ai no desencanto dessa dor vi toda graça, inteligência e misericordia do criador.
Quando me fez mãe.. me fez plena, única e repleta do verdadeiro amor... esse que todo dia encanta, que todo dia me faz sorrir mesmo querendo chorar..
Esse que me fez sentir mulher.. incondicional e que me faz aprender cada vez mais que o outro só vai até onde, como e quando eu quiser.
É dificil quando se está caindo, dentro ou vivendo um desencantamento acreditar que existe um lado positivo diante de tudo isso.
Existe sim.. e se chama EXPERIÊNCIA. VIVÊNCIA, EMOÇÕES, SENSAÇÕES
E essas são as lições que ficam tatuadas em nossas almas, que com o contar dos dias, meses e anos se transformam em armaduras, não para não viver o novo de novo.
Mas simplesmente para vivê-lo melhor e mais intenso. Com todo seu encanto deixando para depois, ou não, o seu desencanto.





Então estava eu fazendo a viagem de volta, mergulhada em mim, me buscando, catando meus caquinhos e os trechos dessa música...
Eu dizia a mim mesma.
Que eu esteja bem ainda  que o não seja a solução!

E esse post faz parte da segunda fase da blogagem coletiva Amor aos Pedaços, é só clicar na imagem para saber mais detalhes...
Bjs e até a próxima
Debby :)